Pela primeira vez, hoje eu joguei um PC no lixo. Não estava bom, não tinha sentido e eu não estava conseguindo terminá-lo.
Pela primeira vez eu não fui até a cafeteria de sempre para escrever. Por uma infelicidade do destino ($) fui forçado resolvi escrever enquanto tomo café aqui em casa mesmo. Isso não significa que este PC não esteja sendo escrito fora do papel. Por algum motivo, eu tenho dificuldade em escrever direto no computador. Vai entender?
Este é um PC bem diferente dos outros. Eu comecei a escrever várias vezes e nunca conseguia terminar. Tentei escrever sobre esperança, rotina, sentimentos no geral, fé, ausência de rotina e, por último, sinceridade. Nada. Então resolvi falar sobre coisas aleatórias “pra ver o que sai”.
Coisas aleatórias
Meu plano de escrever enquanto eu tomo café aqui em casa estaria indo bem se não fosse pelo fato do café ter acabado antes mesmo de eu começar a rabiscar.
Eu nunca entendi muito bem porque os PC’s fluem bem quando eu estou na cafeteria. Eu vou, peço meu café, sento na mesa, pego as folhas e fico observando as pessoas. E simplesmente as palavras fluem. Mas isso não foi o que aconteceu nas últimas vezes. Algo parecia travar a saída das palavras, minha caneta não conseguia traduzir a minha mente, o papel era rabiscado, mas continuava vazio. “Algo” eu não sei o que era (é). “Algo”, atualmente, pode ser qualquer coisa.
Pela primeira vez em muito tempo eu comecei a ter o sono muito agitado. Acordava muito durante a madrugada, sonhava demais, e quase todos os dias acordava com o travesseiro e os lençóis encharcados de suor e as cobertas jogadas no outro canto do quarto.
O mais intrigante de tudo é que eu sei que todos os meus sonhos têm sido agitados, mas eu não lembro de absolutamente nada de nenhum deles, a não ser da sensação de desconforto.
Isso anda me dando um ar um tanto quanto melancólico. A barba por fazer ajuda mais ainda a manter esse ar. Problemas, irritação, falta de paciência e cabeça cheia de coisas que eu não consigo entender são fatos que, mais que a barba por fazer, concretam esse ar melancólico.
Ontem me disseram as seguintes palavras:
“Você pensa demais. E acha que engana, mas não engana ninguém”, seguidas de uma risada de MSN.
Pois é. Eu penso demais. E por conta disso, muitas vezes eu deixo de agir. Dessas muitas vezes, todas eu acabo perdendo alguma coisa por causa da inércia. E nessas muitas vezes eu acabo não agindo por medo ou receio.
“Medo” seria um ótimo tema para um PC, não?
Medo de perder. Medo de magoar. Medo de decepcionar. Medo de me decepcionar. Medo de machucar. Medo de me confundir. “Medo de perder”.
Medo deve ser o maior responsável pela minha inércia. Não só minha, mas de muita gente. Medo de enfrentar alguém maior. Medo de enfrentar outro medo. Medo de seus atos desencadearam conseqüências desagradáveis às pessoas que você mais se importa. Medo é comum, e aquele que diz que não teme nada, é aquele que mais teme, não tenho dúvidas disso.
Até certo ponto, o medo traz uma coisa boa: cuidado. Se não tivéssemos todos aqueles medos que eu falei há pouco, não teríamos cuidado com nossas ações, e, sendo assim, as conseqüências desagradáveis seriam muito maiores.
Mas, como tudo em excesso, chega uma hora que o medo se torna uma coisa ruim. Ruim não, péssima. “Como assim?” – Volte até a parte em que eu falo sobre o medo causar a falta de ação.
Você que está lendo. Perdoe-me se alguma vez eu o deixei esperando por alguma ação que nunca existiu. Espero que todos entendam que lidar com esses medos, para mim, não é fácil. Não é como o seu medo de ratos ou de baratas ou de aranhas. Eu não posso jogar um sapato na origem do medo e simplesmente fazê-lo sumir.
Não, o PC sobre medo não é esse.
Hoje eu fui para a faculdade pensando no que eu iria escrever. Tentei várias coisas, como eu disse no começo, e nenhuma delas resolveu ser legal comigo e fluir. Agora, mesmo depois desses parágrafos toscos, eu estou sentado no meu quarto com os pés apoiados na mesa do computador, estas folhas apoiadas na pasta, que por sua vez está apoiada na minha perna. Tudo isso para descrever a cena em que a ponta da minha BIC preta bate incessantemente num ponto vazio do papel.
Sempre nos deparamos com situações que não conseguimos entender muito bem. Mas que isso, como se não bastasse apenas não entendermos, muitas dessas situações nos confundem, nos fazem viajar atrás de respostas, nos fazem sonhar às vezes, mas sempre, não importa o que aconteça, fazem questão de continuarem sendo impossíveis de entender depois de um tempo.
Ultimamente algumas dessas situações teimam em aparecer. Têm sido tão freqüentes que eu estou quase aprendendo a ignorá-las. Citei alguns exemplos aqui: eu só conseguir escrever no papel; as palavras fluírem quando eu vou escrever na cafeteria; a questão dos medos; a ausência repentina de assuntos para se escrever; e algumas outras situações confusas, desde as mais simples (por que eu estou descalço nesse frio?) até as mais complexas (por que tem dias que eu simplesmente não quero dormir?).
Sejam elas quais forem, garanto que não vai ser hoje, que eu entenderei. E eu acho que nem vocês.
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Alguém entendeu essa joça?
Sua sugestão é do próximo, Cá =)
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