Essa exata cena se repetiu por mais três dias.
Era um rotina. Uma rotina estranha e confusa. Ele estava preso nela e não podia escapar. Cada mísero detalhe fazia parte daquela cena. Foi o que pensei no quarto dia. Como pode alguém ficar preso de forma tão forte em uma rotina e não perceber?
Mas espere, o que estive fazendo nesses quatro dias?
Estive sempre sentado, com frio, olhando para o nada, perdido em pensamentos inexistentes. Todos os detalhes eram os mesmo. Eu estava preso em uma rotina e não percebia. Eu estava como aquele senhor. Todo dia levantando cedo, no mesmo horário, fazendo as mesmas coisas na mesma ordem. Aquele pensamento me fez perceber que até a vontade de quebrar a rotina já se tornou rotineiro. Eu vou aos mesmos lugares, sempre vejo os mesmos rostos, sempre tenho as mesmas sensações, sempre falo as mesmas coisas e sempre penso que tenho que mudar tudo isso. O que de fato faço para mudar minha rotina? Eu quero realmente sair da rotina? A vida é tão organizada e tão bem feita quando é rotineira que tenho medo de sair da rotina e as coisas se complicarem. Mas o que é a vida sem complicação? O que é a vida quando não temos aquela sensação que nos faz perder o rumo?
Há tempos não sinto essa sensação. Sinto falta dela. Há tempos meu coração se tornou rotineiro e sem graça, que não faz mais nem cócegas no meu estômago. Há tempos eu me perco em sonhos acordados sem pensamentos. Há tempos desejo voltar no tempo.
Há tempos anseio a liberdade.
Lorhien Wolpart
Há tempos não sinto essa sensação. Sinto falta dela. Há tempos meu coração se tornou rotineiro e sem graça, que não faz mais nem cócegas no meu estômago. Há tempos eu me perco em sonhos acordados sem pensamentos. Há tempos desejo voltar no tempo.
Há tempos anseio a liberdade.
Lorhien Wolpart
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