Onde os sonhos são imperfeitos e sonhamos com a imperfeição...

5 de abril de 2011

Lembranças de um Futuro (Pouco) Distante #3 - Nem tudo que se diz é.

Oi, mamíferos. Como vocês estão?
Bem?
Bem...
Depois de uns dias semanas sem postar, I'm back.
Voltei com um LF(P)D que eu sei que vocês curtem.
Não, mentira, não sei o que vocês curtem, mas eu gosto de escrever essas coisas =)
Clicaê e lê.
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         A luz do Sol que invadia seu quarto pela janela entreaberta foi o que fez com que ele acordasse antes que o despertador tocasse. Sentou na cama, espreguiçou-se, olhou para sua esposa ainda dormindo e levantou sorrindo.
         "Um anjo" era o que ele sempre pensava todas as manhãs quando olhava para a esposa. "Um anjo que me abençoa todos os dias".
         Ele tomou seu banho e vestiu-se para o trabalho enquanto "seu anjo" preparava o café da manhã.
         "Bom dia" ele disse ao entrar na cozinha, e deu um beijo suave nela. "Como estamos hoje?" perguntou acariciando a barriga grávida de oito meses e meio. "Morrendo de fome" ela respondeu e riu.
         Ele tinha uma esposa maravilhosa e ela estava carregando seu filho. Só Deus sabe tudo e todos que os dois tiveram que enfrentar para que aquele momento existisse.
         Depois de conversar e rir um pouco para começar o dia bem, ele se despediu dos dois e foi para o trabalho. Ele era diretor e co-fundador de uma empresa de publicidade. Estava apenas no início, mas estava crescendo como jamais esperavam. Sempre surgiam contratos bons, mas o último pegou todos de surpresa: uma multinacional do ramo de supermercados os contratou para cuidar do marketing. Era um contrato quase milionário. Ele finalmente poderia levar sua esposa para conhecer a Europa, como ela sempre sonhou.
         Tudo estava finalmente dando certo. Finalmente ele havia parado de pegar três horas de condução por dia para trabalhar 12 horas em troca de dois salários mínimos. A casa ainda era alugada, mas com o ritmo da sua empresa a mil, logo compraria sua casa própria. No penúltimo mês comprou a vista seu primeiro carro. O próximo mês seria o último para quitar o empréstimo feito para pagar a faculdade.
         "Você não vai pra casa?" seu amigo e sócio perguntou interrompendo seu raciocínio. "Já são 18:00h". Sim, ele ia. Ele perdera a noção do tempo porque ficou pensando na sorte que ele tinha. Esposa, trabalho, felicidade. Quem não sonha com isso?
         Ele chegou em casa, tomou seu segundo banho e ajudou sua esposa com o jantar. Ele não sabia o que estava fazendo ali, nunca levou jeito para cozinhar, mas ele queria estar perto dela, e ela o queria por perto.
         Jantaram, assistiram a um filme qualquer, conversaram, contaram um para o outro como tinha sido seu dia, e tudo mais que sempre faziam e sempre se sentiam bem ao fazê-lo. Em uma semana fariam aniversário de casamento, e eles teriam que sair correndo para o hospital porque ela entraria em trabalho de parto bem no meio do jantar no restaurante em que tiveram o primeiro encontro. Ele daria ao filho o nome do seu pai que falecera quando era apenas um garoto. Ideia dela.
         Ele veria o filho crescer, ensinaria o menino a jogar futebol. Daria a primeira bronca. Entraria em desespero todas as noites em que o menino saísse para curtir a adolescência. Ficaria orgulhoso ao ver o garoto se formando em publicidade e assumindo seus negócios. Tentaria segurar as lágrimas na primeira vez que pegar seu primeiro neto no colo. Tentaria segurar as lágrimas novamente na primeira vez que pegar sua primeira neta no colo. Mas antes disso tudo, ele iria dormir ao lado de sua esposa, porque ainda tinha que trabalhar no dia seguinte.
         E dormiu. Dormiu e acordou no dia seguinte no quarto escuro com o despertador apitando. Ele sentou na cama, bocejou e olhou no relógio. Estava atrasado. "De novo". Desesperado, ele começou a se arrumar e saiu de casa correndo para o ponto. Ele sabia que o ônibus não iria esperar por ele.
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As vezes nem eu entendo o que eu escrevo...

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