Onde os sonhos são imperfeitos e sonhamos com a imperfeição...

28 de outubro de 2013

Eu sei que (quase)tudo muda

     Engraçado como as coisas são. De madrugada minha cabeça encosta no travesseiro, e eu sempre me pergunto: "será que estou no caminho certo?". Eu jamais tive uma resposta sincera. Mas comecei a analisar minha vida, tudo que pode acontecer em um intervalo pequeno. Um intervalo de, digamos, cinco anos.

     O resultado é que você percebe como as coisas acabam mudando em você. Desde coisas simples, como um hábito ou mania corriqueira que você desenvolveu, até coisas mais profundas, como motivações e ideais. Você não tem controle total sobre o que vai mudar, e isso acaba por enlouquecer alguns. Muitos na verdade. Curioso isso. Muitas vezes você quer mudar algo e simplesmente não consegue, enquanto outras você sequer pensou em mudar e mudou. Mas também há vezes que sua convicção é tanta que você muda algo que quer. Mas depois você se pergunta: "será que eu realmente queria mudar?".

     O fato é que não é apenas você que muda. Tudo muda. Todos mudam. Algumas amizades se apagam e se tornam brasas, enquanto outras ficam mais vivas com o tempo. Viver é amadurecer. Amadurecer é mudar, mesmo que algumas propriedades mantenham-se as mesmas. Nunca fui daqueles que dizem que decepção não mata, mas ensina a viver. Isso é balela. Quem te ensina a viver é você mesmo. Decepções nada mais são do que comprovações de que as coisas mudam, de que não serão sempre iguais. E por que acabam sendo dolorosas? Porque essas são mudanças que ocorrem em segundos e nos assustam, ninguém está de fato pronto para mudanças desse tipo. Por outro lado, quando é um processo longo, muitas vezes nem percebemos que estamos mudando.

     Mudanças são inevitáveis. E, como disse anteriormente, elas também são, na maior parte das vezes, incontroláveis. Quantas vezes você quis mudar uma característica sua e não conseguiu? Quantas vezes você quis sentar ao lado daquela garota no trem, conversar com ela e, quem sabe, encontrar alguém que será realmente fantástica em sua vida, mas uma pequena característica sua, digamos, a timidez, por exemplo, o impede de fazer isso? São coisas que você sabe que não fazem sentido. Ela não vai te morder. Não vai te machucar. Talvez até te ache um louco, mas enfim, nada realmente de ruim pode acontecer. Então porque raios você não vai e fala com ela? Não dá para explicar. Muitas vezes queremos mudar coisas assim e não conseguimos. Algumas até conseguimos, e outras sequer tentamos e mudam.

     Amizades mudam. Amores mudam. Certezas mudam. A vida muda. Essa é a dádiva e a maldição de sermos seres "conscientes" do que fazemos. Vamos mudar algo, sempre. Ninguém se sente totalmente confortável em uma rotina, pelo menos não quando percebe que ela está ocorrendo. E como sair da rotina? E como quebras as correntes que nos impedem de fazermos tanta coisa que desejamos? Estamos tão atrelados de tarefas que esgotamos todas as nossas energias em preocupações sem soluções, do que em tentar simplesmente montar em uma bicicleta e andar sem rumo pela rua. Estamos tão preocupados gastando energia lembrando de como era ser criança, que esquecemos de libertar a criança que há em cada um de nós, nem que por um minuto.

     Mas como eu já disse: quem afinal realmente gosta de mudança? É bom ter o conhecido ao lado, algo ao qual não tememos porque sempre esteve lá, ou porque já aprendemos o bastante para não nos preocupar. Mas devemos aceitar as mudanças, porque são naturais. Perder essa vontade inexorável de deixar tudo como está. Devemos apenas tomar cuidado para que essas mudanças não acabem nos tornando pessoas totalmente diferentes, para que não machuquemos aqueles a quem amamos. Sejam nossos amigos, nossos amores, nossos filhos ou nossas famílias. Mudanças são incontroláveis, mas, com convicção, evitaremos aquelas que farão mal à quem realmente importa.

     Vamos nos permitir mudar.

Evandro Silveira de Pontes

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